O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta segunda-feira (7) a realização da Copa América no Brasil e atacou o técnico da seleção, Tite. Mourão disse, sem citar o nome de Tite, que se o treinador “não quer mais”, pode “pedir o boné”, porque “o Cuiabá (time recém-chegado à primeira divisão) está precisando de um técnico”.
Mourão fez coro a manifestações de defensores do governo que, nas redes sociais, passaram a atacar Tite e a pedir a saída do técnico da seleção. Bolsonaristas estão atribuindo a Tite a resistência da seleção em participar do torneio. No entanto, o movimento contra a Copa América ganhou força com a insatisfação dos jogadores.
Os atletas não gostaram da forma como o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, comunicou que o torneio seria no Brasil.
O Brasil aceitou sediar a Copa América a menos de duas semanas antes do torneio. A Argentina, que seria a sede, desistiu devido à disparada da pandemia naquele país. A Colômbia também havia desistido, devido a protestos populares. O governo federal brasileiro deu o aval para a vinda da competição e transformou a questão numa prioridade política.
Na chegada ao Palácio do Planalto nesta segunda, Mourão foi questionado sobre postura crítica de jogadores e da comissão técnica em relação à Copa América no Brasil em meio à pandemia de Covid.
“Não vou entrar nessa discussão. Eu acho que faz parte dessa disfuncionalidade que nós estamos vivendo. Eu sou do tempo que jogador de futebol, quando era convocado para seleção brasileira, era considerado uma honra. O técnico, ele não quer mais, não quer. O Cuiabá está precisando de um técnico, aí, não tá? Então leva lá, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão, neste momento, totalmente disfuncional’, disse Mourão.
Jogadores da seleção disseram que só vão se manifestar nesta terça-feira (8), após o jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
De acordo com reportagem publicada no fim da manhã desta segunda no ge.globo, os jogadores decidiram participar do torneio. Eles vão divulgar a decisão junto com um manifesto com críticas à forma como o evento foi trazido para o Brasil, em meio à pandemia.
Na única entrevista de jogador nos últimos dias, o capitão, Casemiro, disse que “nosso posicionamento todo mundo sabe”. Ele afirmou ainda que a posição é unânime, partilhada por jogadores e pela comissão técnica.
“Queremos falar, no momento oportuno vamos falar. Não sou eu, não são os jogadores da Europa, como rolou. Quando fala alguém, falam todos os jogadores, com o Tite, com a comissão técnica. Tem quer ser unânime, todos juntos”, disse o meio-campista.
CRISE NA CBF
Um novo ingrediente foi adicionado à crise neste domingo (6), quando a comissão de ética da CBF decidiu afastar por 30 dias o presidente Rogério Caboclo. Ele é alvo de uma denúncia de assédio sexual e moral, feita por uma funcionária da entidade.
A relação de Caboclo com os jogadores já estava desgastada devido à forma como o elenco se sentiu tratado ao ser comunicado da mudança de sede da Copa América.
De acordo com o blog do Camarotti, o afastamento de Caboclo foi visto com preocupação dentro do governo federal. Caboclo é considerado um aliado do Palácio do Planalto e poderia, no comando da CBF, defender a Copa América.
Fonte: G1