EX MINISTRO DA SAÚDE, EDUARDO PAZUELO, NEGOU TER RECEBIDO ORDENS DIRETAS DO PRESIDENTE BOLSONARO PARA APROVAR CLOROQUINA
Em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, nesta quarta-feira (19), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negou que tenha recebido ordens do presidente Jair Bolsonaro ao assumir o cargo.
O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), questionou se houve ordem específica do presidente, como aprovar a cloroquina.
“Presidente nunca me deu ordens diretas pra nada”, diz Pazuello.
Renan perguntou também sobre qual a frequência com que Pazuello se encontrava com o presidente Bolsonaro. Pazuello afirmou que a “relação poderia ser ainda maior”.
“Menos do que eu gostaria. Acredito que a relação com o presidente poderia ser maior ainda. Os cargos são complicados, as agendas complicadas. Eu o via uma vez por semana, a cada duas semana. Se pudesse voltar atrás, teria ido mais vezes atrás do presidente para conversar com ele”, disse.
Questionado sobre orientações que o presidente fez em relação ao combate a covid-19, Pazuello respondeu que ele levava as ideias ao presidente, dava a visão da pandemia.
“Eu procurava levar ao presidente a minha visão em cada momento, como foi Manaus. Eu vim de Manaus, eu vi que naquele momento a pandemia se alastrava pelo Norte e Nordeste e no Rio e São Paulo. Essas observações eram as que eu levava. As conversas eram em altíssimo nível para trazer soluções”.
“Nas conversas com o presidente não havia divergências”, afirmou Pazuello.
PAZUELLO JOGA A RESPONSABILIDADE NO STF
Seguindo o discurso do presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello responsabilizou o Supremo Tribunal Federal (STF) e estados e municípios pela condução do combate à pandemia do coronavírus.
Ao contrário do argumento do governo Bolsonaro, a decisão do STF não exime a União de responsabilidade por ações de enfrentamento à covid-19.
“A União disponibiliza recursos para que estados e municípios executem as ações de saúde. A decisão do STF em abril de 2020 limitou ainda mais essas ações. Não há possibilidade de o MS interferir na execução das ações sem usurpar competências dos estados e municípios. Isso seria possível no caso de intervenção federal em algum estado. O gestor pleno do SUS é o secretário municipal de Saúde”.
ENTENDA O HABEAS CORPUS DE PAZUELLO PARA FICAR CALADO EM DEPOIMENTO
O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello comparece nesta quarta-feira (19) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, com um habeas corpus, que o permite ficar calado durante o questionamento dos parlamentares.